BALDIM.

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domingo, 2 de dezembro de 2012

O SOM DO CARRÃO



O SOM DO CARRÃO
Tadeu Martins

Um tico, um teco uma ervilha
sem inteligência na trilha 
é a cabeça do cidadão 
que põe som possante no carro 
para zoar e tirar um sarro 
para azucrinar a população 
é o carro do som do pavor 
tem muitos cavalos no motor 
e tem um burro na direção
Liga o ar condicionado 
dirige com o vidro fechado 
é uma tremenda curtição 
livre da poluição sonora 
pois o som é voltado pra fora 
ele gosta de chamar a atenção 
é carro preparado com amor
tem muitos cavalos no motor 
e tem um burro na direção
E a música que ele gosta 
pode fazer qualquer aposta 
é sertanojo e breganejão 
“é som pra agradar as muié” 
garrafinha, pocotó e axé 
bate-estaca, bondinho do tigrão 
é o carro de um paquerador
tem muitos cavalos no motor 
e tem um burro na direção
O cérebro é de boneca 
dois neurônios e meleca 
consolidando a ligação 
sua verdade é puro mel 
mulher só serve para motel 
é autoritário e machão 
e o seu carro é sedutor
tem muitos cavalos no motor 
e tem um burro na direção
Ele chega no meio da praça 
e parece que é por pirraça 
sai e deixa o som ligadão 
é brincalhão, tipo moleque 
ele sai pra tomar um pileque 
faz o mundo ouvir sua canção 
aquilo é que é carro, doutor
tem muitos cavalos no motor 
e tem um burro na direção

Tadeu Martins é poeta e cordelista do Vale do Jequitinhonha, mas radicado há várias décadas em BH. Ele é amigo do Gilmar Castilho. Nas últimas eleições para prefeito da Capital ele concorreu, mas perdeu para as forças conservadoras do Márcio Lacerda.  O poema se encaixa perfeitamente no que ocorre em São Vicente e Baldim.

(por Gilmar Castilho)

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