BALDIM.

BALDIM.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

VERSO




Praça de Baldim
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BALDIM, UNIVERSO COMPLETO
Luiz Eduardo Correa Soares
Baldim é quase um lugar...
Baldim fica entre duas vargens:
A Vargem Grande e a Vargem Formosa.
Para muitos,
Baldim não existe
Mas, afinal, nunca
Jamais encontramos o céu no mapa!
Baldim é pequenino, diminuto.
Mas é o UniversO
onde cabem todos os meus sonhos.


POEMA PARA BALDIM
Luizinho Soares
Agradeço a publicação do meu "singelo" poema, feito em uma noite muito fria (3 graus negativos) na cidade gaúcha de Gramado e eu o recitei para cerca de uma centena de jornalistas de todo o Brasil, que sempre faziam 'chacota' com Baldim e diziam que se tratava de uma cidade virtual.
 Enchi meu peito de coragem e o meu orgulho falou mais alto quando em forte eloquência (que eu busquei não sei de onde) bradei as palavras de meu poema em um salão de cidadãos boquiaberto.
 Por alguns segundos seguiu-se o silêncio, quebrado por uma salva de palmas efusiva para as poucas palavras alí proferidas, mas de sentimentos profundos. Foi assim que aconteceu. (Luizinho Soares)


 Dilma Ribeiro - Amanda
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NOVO LIVRO DA DILMA:
Estamos divulgando aqui o lançamento do novo livro da escritora, Dilma Martins Prates Ribeiro, "Versos Di-versos", que acontecerá em Belo Horizonte. D. Dilma, filha do Sr. Agapito, foi professora em Vila Amanda, distrito de Baldim. Sua mãe foi a primeira secretária da Prefeitura de Baldim. Apesar de ter nascido em Jaboticatubas, como ela mesmo diz, os melhores anos de sua vida ela os viveu em Baldim. D. Dilma fez em Baldim o lançamento do seu livro "Uma Vida Pela Vila", ocasião em que foi homenageada pelos funcionários e alunos da E.M. D. Emerenciana Augusta da Silva Xavier, entre outros. O novo livro da Dilma, com poesias que falam da vida que nos levam a pensar e agradecer a Deus por tudo que vivemos e temos em nosso redor. D. Dilma irradia simplicidade, simpatia e bons sentimentos. E, quando ela deveria ser a grande homenageada, é ela quem homenagea quem dela se aproxima. Parabéns D. Dilma. Outras obras da Dilma Ribeiro: 2001 - " A armadilha", livro infantil- 2004 - "Pérgula Literária VI", poesias-2005 - "Pérgula Literária VII", poesias/trovasPrêmios:-2004 - Medalha de Prata, pela poesia "Natureza"-2005 - Medalha de Bronze, pela poesia "Mesmice" Menção Honrosa Especial, pelo conjunto da obra. O novo livro da Dilma Ribeiro,Versos Di-versos, encontra-se á venda na Livraria Leitura do Shopping Patio Savassi.( Ton)
HINO A BALDIM


Letra e música de Mozart Bicalho
Tu que me deste guarida amor e consolação
plantaste terra querida em meu pobre coração
um canteiro de saudade outro de amor perfeito
Baldim, com sinceridade, plantado estás em meu peito
tenho saudades do tempo em que eu brincava risonho
á sombra do velho templo de São Bernardo
em sonho um arrebol de ternura com a luz da felicidade
minha sazão de doçura e hoje é só saudade. (Ton)

HILMA BASTOS
Oi Ione, Ainda ñ vi a poesia q falas na mensagem,.mas com certeza es linda como tudo q a Zila fazia. Desculpe-me por ñ ter respondido por onde começar conhecer nossa escritora.Mas realmente o Ton sabe mt. E tmb a tia Luiza Campelo, a Neide Reis, os Guimarães e Campelos que vivem em Jequitibá. E uma pessoa mt especial! minha querida mãe... Bem, já tem algumas fontes seguras e confiáveis. Um gd abraço e obrigada. Hilma Bastos, Espanha
ô Ione, eu vi três exemplares do livro Prosa na Varanda, lá no sebo em Sete Lagoas, é a única loja que conheço em Sete lagoas que vende livros usados ( sô do Bardim, tem Base? ela fica na rua perto do ponto de táxi, quer melhor endereço?) sobraram dois lá porque um eu trouxe comigo.Prof.Ton.
Olá Ton, vejo q você conheceu bem de verdade nossa querida Zila. Tem toda razão, era impossível tê-la conhecido sem se apaixonar por ela, ñao é verdade?                                                                                                                                                                     Te escreveu um livro sobre minha família, Basos Martins, q é o nosso tesouro. Quantas saudades ela deixou, ñ é mesmo? Hilma Bastos, Espanha



SAUDADE

Rio das velhas lembranças
que me trazem ate você
numa saudade que me arranca o peito
do que se foi e não voltarei a viver

o cheiro da terra vermelha
hoje o cinza não deixa pegadas
o leiteiro que se foi pra longe
nos terrenos verdes cheios de casas

a serpentina ja não esquenta
o que o meu peito esfriou
do cheiro de fumaça boa
e o tacho sujo que o carvão queimou

o barulho do estouro do judas
queimando em sábado de aleluia
das pastorinhas, dos reis e congado
e o boi da manta correndo na rua

meninos descalços na praça
na arena derruba o peão
as moças solteiras saem a noite
pro baile no badalado salão

a alvorada me acorda do sonho
que eu queria que voltasse pra mim
mas o amor ainda é o mesmo
da minha eterna e amada Baldim.
(Marina Torres, filha de Maria Eufrasia Torres)
  
A VENDA DO JOÃO DE AFONSO
O negócio começou nos idos dos anos 40: uma sociedade formada por Seu Zé Antonino, Vitor Machado e meu pai, João Afonso. As mercadorias vendidas na Venda eram produzidas na região ou "importadas" de Belo Horizonte, trazidas por meio de canoas, através do Rio das Velhas. Trabalho árduo, noites em claro, navegando sobre as águas escuras do rio. Depois, com o passar do tempo, chegaram os viajantes de Belo Horizonte e até de São Paulo. Mas, segundo meu Pai, a sociedade durou pouco porque o Vitor Machado queria ser "chofer" de caminhão e Seu Zé Antonino disse não ter paciência para ficar detrás de um balcão. O que ele queria era continuar os negócios do pai, mas anos depois, ele exerceu as suas próprias ideologias. Assim, meu pai comprou em “suadas” e suaves prestações a parte dos sócios, amigos e compadres. Reiterando o início, havia uma diversidade de mercadorias, vindas das mais diversas partes da região: as peneiras e os balaios do Geraldo Peneireiro; as roupas confeccionadas pelas costureiras de Baldim e São Vicente; as panelas e vasilhames de barro da "Maria do João Pedro da rua de baixo"; celas e arreios de cavalo do "Sô Zé Miúdo"; as correias e chinelos de borracha feitas pelo Natalício; as melhores botinas-gomeiras vinham de Santana do Pirapama; as facas curvelanas eram trazidas por meu avô materno, Vital de Curvelo; o fubá, meu pai produzia em seu próprio moinho d'agua; a farinha de mandioca era fornecida pela Vilma do Patrimônio; souvenir de cobre do Zé de Freitas de Vila Amanda; baús, crucifixos, caixinhas, etc. do Seu Herculano; bijouterias de pedras do Roberto Retratista, as especiarias do mascateiro, trazidas no lombo de sua mula, eram do Seu Messias da Serra; pirulitos da D. Naide, café moído na hora, rapadura, biscoitos, doces, enfim, vendia-se de tudo o que produzia em Baldim e região. Naquela época, era vendido o tecido no metro para confecção de roupas, lençóis, bem como todos os tipos de aviamentos necessários; os pescadores vinham à procura de anzóis dos mais variados tamanhos, da linha de nylon e do "encastou de chumbo". Mesmo sem dinheiro, ninguém ficava sem comprar, pois o fiado era cultural e todos tinham sempre crédito, sendo a mercadoria anotada no livro de conta (dizia-se: "anota aí, Sô João), e pagava-se quando pudesse. A população criou um vínculo recíproco com a Venda, pois era lá onde toda a redondeza fazia suas compras e encontrava os amigos; paqueravam, era o ponto de partida e chegada dos ônibus. Era onde guardavam suas sacolas e pertences, onde esperavam pelos eventos festivos, liam o jornal que sempre ficava sobre o balcão; politicavam, era lá onde aprendiam os primeiros acordes de um instrumento, ensaiavam e fundavam os grupos musicais, combinavam e organizavam os eventos da cidade ou, simplesmente, batiam papo assistindo o movimento da Praça. A Venda, como era chamada a loja de armarinho, tinha o ecletismo de seu dono e a essência de um povo... A verdade foi que, por durante muitas e muitas décadas, a "Venda do Sô João de Afonso" acolhia e pluralizava a região, com o desenvolvimento intelectual, a amizade sincera, a criatividade, o consumo dos produtos naturais, o intercâmbio de costumes e valores da sociedade, enfim, o exercício da cultura do nosso povo. Que pena que chegou a especulação imobiliária, e por ela,  e a Venda teve que encerrar a sua história... e perdemos um espaço que era de todos. Quem conheceu e a frequentou, lembra com muita ternura e saudade... ( por Neiva, Dirley e Zilda, filhas do Sô João de Afonso)

AMEI BALDI
Anízia Nacif Reis
Infância sofrida, alegria reprimida, conheci lamentos…
Quando cheguei pra vida, tão pequena assim,
Brinquei sob o luar, andei por caminhos lamacentos.
Amassei o barro, pisei cascalho e amei Baldim…
De família mediana, fui irmã de Jô.
Ainda era feliz quando chorava contente,
Nos folguedos de criança, às vezes criança só,
Fui feliz, aprendi quando cresci de repente…
Jovem ardente, alegria de graça, Baldim ganha a primeira praça.
Simples de cabelo lavado, único vestido, ganho um namorado.
Senti desejo ao ganhar um beijo. Ah! A juventude passa…
Num doce enlevo, marca até hoje, me atrevo, o e lembrado…
Tudo belo, repleto de emoções, o amor primeiro,
Nos arroubos da juventude, na inocência rara.
No cinema o alto-falante, em alto tom: Augusto Calheiros.
E preciso viver; o tempo urge o tempo não para...
Baldim dos meus sonhos do primeiro encanto,
Parte de minha estória, mundão de felicidade,
Lembrando a canção da vitrola, Calheiros no suave canto.
 “meu amor morreu na virada da montanha”: sinto saudades!...

CHAPÉUS
...adorei a lembrança da "Venda do Sô João de Afonso", vocês esqueceram de mencionar a "seção" de chapéus que vinham do Serro, do "Panamá" e outras cidades. Na época de festas, todos queriam ficar bonitos, aí o balcão da venda ficava cheio de chapéus e os fregueses que levavam "horas e horas" experimentando e escolhendo um. Bons tempos, saudades do Sô João. Abraço a todos vocês. (Anônimo)

CONTERRÂNEOS
Queridos conterrâneos, essa doce lembrança da venda do Sô João de Afonso me remeteu a adolescência e os preparativos para uma festa ou baile na cidade. Tudo começava quando a gente ía até a venda escolher o tecido, enfeites e aviamentos para confeccionar o vestido pra festa ou baile, e depois, a expectativa de encontrar o seu príncipe encantado no evento. Saudades... Bjs. Domingo, 03 Abril, 2011  (Anônimo)

sábado, 31 de outubro de 2009

CONHEÇA MUCAMBO


Foto: Estádio de Mucambo
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CONHEÇA MUCAMBO
Mucambo é um dos principais povoados do município de Baldim. O povoado fica a 10 km de Baldim, por estrada de terra, o que não impede que a comunidade participe das atividades da cidade. O acesso possibilita que os ônibus escolares façam o transporte seguro e confortável dos alunos que cursam o segundo grau em Baldim. A comunidade de Mucambo tem sua Escola Municipal  com toda assistência da Prefeitura, tem acesso ao serviço de saúde e transporte do município. Mucambo é conhecida pelas Festas Religiosas Tradicionais que promove e por sua comunidade ativa, contando com uma Igreja, um estádio de futebol, o Batutão, e outras melhorias que a comunidade consegue promover. As Grutas da região são atrativo também em Mucambo.


MUCAMBO QUERIDO!!!
Este lugar é maravilhoso, de familias tradicionais de nosso municÍpio, pessoas trabalhadoras e ordeiras que estão sempre disponiveis na luta para a manutenção do Folclore como, Folia de Reis, Pastorinhas, Boi da Manta, Congado, Queima do Judas, Festas Juninas etc. que estão se acabando por falta de apoio da Secretaria de Cultura, que não participa com nenhum real e muito menos com estrutura, divulgação, falta tudo, inclusive instrumentos musicais, que toda vida foi comprado com dinheiro dos pobres trabalhadores  que lutam para manter estas tradições. ONDE ESTÁ VOCÊ SECRETARIO MARCIO REIS? O QUE VOCÊ TEM FEITO PARA MANTER NOSSA CULTURA VIVA? PARA VOCÊ BALDIM É SÓ A SEDE DO MUNICIPIO?




    
 Festa do Divino - Mucambo
Foto by Norma Abreu
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APOIO A CULTURA

Prof. Marcio Antonio dos Reis disse... Prezado anônimo, agradeço pela cobrança e pela oportunidade de tornar público mais uma de nossas ações na cultura. Em 1º lugar, a Secretaria Mun. de Educação e Cultura não prestigia somente a cidade, nossos projetos de flauta, canto, fanfarra e coral infantil atende alunos de Vargem Grande, Vila Amanda, São Vicente e Cuia. E no mais, se você observar neste blog nossas ações são sempre descentralizadas. Quanto ao Congado N. Sra. do Rosário Estrela Guia (Mucambo e Cuia), temos sim apoiado o grupo, pois somente em 2010 foram feitas mais de 50 apresentações nas comunidades do município, disponibilizando transporte e a cada apresentação era dado uma contribuição de R$ 100,00 para custear o transporte (que é fornecido pela prefeitura), desta contribuição a prefeitura abriu mão de R$ 50,00 que era repassado para o Congado como forma de incentivo à cultura, que se somássemos daria algo em torno de R$2.500,00 só em 2010. E agora em 2011, só no período de abril a outubro tem 33 apresentações agendadas e a cada uma, uma contribuição direta para o Congado. UM POVO SEM CULTURA É UM POVO SEM MEMÓRIA.Terça-feira, 19 Abril, 2011

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

PERFIL DO PROFESSOR

 Professores Municipais no Tia Salete
Foto by Marcio Reis
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                                            UM DIA FESTIVO PARA O PROFESSOR  
 No dia 05/11, os funcionários da Secretaria Municipal de Educação - SME  tiveram um dia dedicado somente a eles na Pousada Tia Salete. Após uma decisão do colegiado de diretores e coordenadores municipais de educação, a SME acatou a idéia de oferecer aos seus funcionários um dia de total "relax". Toda a belíssima estrutura da Pousada foi disponibilizada para eles, piscina, sauna, quadras, sinuca, a linda cascata natural recentemente idealizada pelo proprietário, Cláudio, além de um delicioso churrasco muito bem acompanhado. É de se saber, que os profissionais da educação, tem uma dedicação respeitável e o belo trabalho realizado nas escolas lhes asseguraram este merecido dia festivo.
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Igreja de São Vicente
Foto by Marcio Reis
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PERFIL - D. ALDA RIBEIRO
Alda Ribeiro, filha de Totó Ribeiro e D. Conceição, fazendeiros de São Vicente, fez seu Curso Primário na Escolinha Rural de seu tio Aníbal Ribeiro, na Vargem do Capim. Fez o Curso Normal em Belo Horizonte, no Colégio Sagrado Coração de Jesus, formando-se em 1942. Trabalhou na Escola Anexa de Baldim. Fundou as Escolas Reunidas de São Vicente, sendo sua Diretora de 1956 a 1984, quando se tornou Escola Estadual. Fez Faculdade de Pedagogia em São João Del Rei e de Inspecção Escolar em Sete Lagoas. Alda Ribeiro, continuou sendo Diretora da EE Oscar Artur Guimarães, de 1984 até 1994 quando se aposentou , com 45 anos de Magistério. Foi Presidente do Apostolado da Oração e Ministra da Eucaristia. ( do Informativo "Interação")

COMENTÁRIO
Aconteceu algo inédito naquela época, em 1991, o então Secretário de Estado da Educação, o Sr. Walfrido dos Mares Guia, lançou a escolha de Diretores Escolares através de eleições com participação da comunidade escolar (funcionários, professores, pais e alunos, podiam votar). Apenas três Escolas Estaduais, em todo o Estado de Minas Gerais, não poderiam acontecer eleições, visto que as suas diretoras eram concursadas como Administradoras Escolares. Uma delas era a EE Oscar Artur Guimarães, cuja diretora era a competente e dedicada Alda Ribeiro, onde só ocorreu eleição para diretor após a sua saída. Eu tive o privilégio de fazer um pouco do meu estágio como professor de História e Geografia, na Escola Oscar Artur Guimarães. Foi importante para a minha formação ter a oportunidade trabalhar ao lado de D. Alda Ribeiro, de Donália (Supervisora) , Rosângela (Secretária) e dos professores que me receberam tão bem. D.Alda Ribeiro é motivo de orgulho para o município de Baldim. Prof. Ton

PERFIL - D. ISABEL MARQUES
Foi na Escolas Reunidas, "Oscar Artur Guimarães" que eu fiz o meu curso primário. A mais remota lembrança que eu tenho da minha infancia, aos 7 anos,  é da minha professora de primeiro ano, a querida D. Isabel Marques. Isabel Marques era  de Jaboticatubas, ela morava na Rua da Grota, na casa de DMaria Cadete, mãe da Nunuca. Ela era linda, muito branquinha, gordinha, cabeços ralos e curtos, pernas grossas, sempre de saia justa e sapatos de salto alto. Ela tinha um sorriso lindo, de bochechas coradas e covinhas, sempre de batom vermelho, os dentes grandes e separadinhos. O que mais me encantava nela eram as mãos. Os dedos gordinhos e sempre de unhas grandes e pintadas de vermelho, combinando com o batom. Ainda me lembro da sua letra grande e redonda, passando o "Para casa" ( o P maiúsculo parecia um cogumelo) em nossos cadernos ou um texto pra copiar do quadro. Suas unhas eram tão grandes que o giz pequeno fazia aquele assovio no quadro negro, que naquele tempo era negro mesmo. Ela passava pelas carteiras e pousava suas mãos sobre os cadernos para apontar os erros e  aquele era um momento mágico. Hoje ainda sou capaz e imitar a letra de D.Isabel, principalmente as maiúsculas, cheias de curvas. As salas de aula eram de assoalho, de tábuas cruas, sem cera. Os passos de D.Isabel  eram ouvidos assim que ela entrava na sala pela batida do salto na madeira. E fazíamos silêncio até que ela chegasse em sua mesa e puxasse a oração antes de começar a aula. Todos sentados, ela abria um grande caderno de capa dura e fazia a "chamada", falando o nome completo de todos os alunos, que deveriam responder "presente". Já no segundo ano, quando estudamos sobre a Abolição da Escravatura, eu imaginava a Princesa Isabel com a cara da minha professora, D. Isabel. Até hoje, faço essa associação. Minha primeira professora era uma princesa nos meus sonhos. Bons tempos aqueles... (Ione, editora do Blog )
Vila Amanda
Foto by Ione
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PERFIL - D. MARIA ANÁLIA
Quero prestar uma homenagem a D. Maria Anália, que foi minha professora na primeira série, por algum tempo, e depois novamente na segunda série, mas sempre ela tinha que se afastar antes do término do ano. Ficava com a nossa turma só pra adoçar a nossa boca, até que se afastou em definitivo da regência de turmas. Ela foi para a Biblioteca onde prestou relevantes serviços, e depois tive o privilégio de tê-la novamente como professora no Ginásio. Lá, ela lecionava a AEP - Área Ecônomica Primária, disciplinazinha besta, para muitos sem valor, mas que nas mãos de D. Anália, ganhava status de Língua Portuguesa. Não tinha como não gostar. Desde o primário, o que a gente mais gostava era das histórias e da voz de D. Anália. No Ginásio ela fundou o Clube Agrícola, com Hino e tudo, composto por ela.
HINO DO CLUBE AGRÍCOLA
"NOSSO CLUBE É ESCOLA QUE ENSINA,
NUM AFÃ ARDOROSO QUE DIZ,
QUE NA TERRA RESIDE A CERTEZA
DE UM FUTURO DITOSO E FELIZ
O TRABALHO ENOBRECE E SEDUZ
FAZ NOSSA ALMA PAIRAR NAS ALTURAS
QUEM TRABALHA SEMEIA EM TERRENO
QUE NOS DÁ FORTES MESSES MADURAS"
Quando a gente falava qualquer coisa dentro da sala, D. Anália sempre tinha um causo parecido pra contar que tinha acontecido lá na Vila, como ela se referia a Amanda. Eu vivia doido pra conhecer a Vila de D. Anália. Na minha cabeça de criança devia ser muito melhor que o Sítio do Pica-pau Amarelo. Olha tem um segredo que pouca gente sabe, D. Maria Anália, tem o dom de Deus para ensinar, se alguém não souber matemática e não aprender com ela, é porque não vai aprender de maneira alguma, pode acreditar. Ela faz qualquer emaranhado do mundo dos números, virar um novelo de linha, que só falta achar a ponta... Para D. Anália, minhas homenagens... (Prof. Ton)


 Antiga casa da D. Eufrasia
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PERFIL - D.EUFRASIA DE MATOS
D. Eufrasia de Mattos, professora nascida e formada em Conceição do Mato Dentro mudou-se para Baldim com sua família, já casada com o Sr. José Torres. D. Eufrasia cedeu um espaço em sua própria casa, hoje, casa da Fina, para formar salas de aulas. D. Eufrasia foi uma das primeiras educadoras na cidade, muito querida e respeitada por todos. Ela trouxe mais professoras de sua terra e as hospedava em sua casa, principalmente primas e sobrinhas, para completar o quadro de professoras da Escola. Outras salas de aula funcionavam em frente, no antigo Hospital, com a Professora Catarina. As escolinhas foram reconhecidas e fundou-se a "Escolas Reunidas de Baldim". Suas filhas, Maria José, Marta e Josefina (Fina) foram professoras muito competentes e queridas na cidade.(Ione, editora do Blog)

COMENTÁRIO
D.Eufrásia, amiga de todos, lúcida, simpática, guardo com muito carinho fotos dela carregando meus dois filhos. O que era mais interessante em D. Eufrásia, era saber que ela tinha sido professora, em uma época que era comum o uso da palmatória, dos castigos físicos para se corrigir os alunos e a gente sempre ouviu que ela nunca encostou um dedo em aluno seu, sempre foi muito carinhosa com todos.(Prof. Ton)

 PERFIL - D.WANY SOARES

Estava no Grupo Escolar, quando uma das primeiras a chegar para votar foi D. Wany Soares, a escola ainda estava vazia, a seção eleitoral nem havia sido aberta, eu corri a dar-lhe um abraço e perguntar se ela havia chegado cedo pra ver se alguém estava sem uniforme, ela com um sorriso lindo, disse que sim, quem estiver sem uniforme, inclusive sapato e meia, teria que voltar. Como foi bom vê-la, tão sábia, tão forte, tão serena, sem os óculos que antes carregavam seu semblante, e ficamos a recordar  os bons tempos em que ela dirigia a Escola, como conseguia reunir todos os alunos no pátio, e após a oração dar os avisos necessários, sem usar microfone, ou ter que falar mais alto por isso... Ela me relatou que teve um dia em que sua filha Carmem, que a gente chama de Neneca, um dia chegou na escola sem os sapatos, D. Wany a chamou no gabinente e ela lhe explicou que havia torcido o pé, D. Wany fez com que ela voltasse em casa viesse calçada com um pé de sapato e o pé machucado de chinelo... e que Neneca se lembra disso até hoje e ainda fica brava, por causa da severidade da mãe. Mas como era bom aquele tempo! professor era gente, e gente de respeito...Ficou lá atrás... Para D. Wany o meu abraço, a minha satisfação de ter sido aluno enquanto ela foi diretora, da EE São Bernardo! Um abraço. (Prof. Ton)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

CAUSOS DO OUTRO MUNDO


 O JAIME
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O CAUSO DO JAIME

Tudo aconteceu em uma manhã, quando eu estava indo para a escola. Não podia me atrasar pois tinha aula de D. Vera Gandini e D. Glória Bernadete, era o antigo Ginásio, E.E. José Ribeiro da Silva, lá perto do Buteco do Souza. Ao passar pela porta do Hospital São Bernardo, naqueles bons tempos, era o Hospital Regional, que salvava muitas vidas, em frente a Matriz, o conhecido Jaime Silva, a quem muita gente, maldosamente, ainda chama de Jaime Bezerro, falo que maldosamente, pois o apelido para o Jaime é sinônimo de morte, tamanha a raiva que o mesmo sente dele.
 Mas, voltemos ao caso, ao subir para ir para o Ginásio, me deparei com a cena, o Jaime com algumas escoriações pelo braço, a roupa empoeirada, de alguém que levara uma bruta queda, aos “berros” (sem nenhuma menção ao apelido), pedia uma guia médica que ele tinha que ser internado no Gauba Veloso, Hospital para Loucos na época, pois “Mamãe respondeu!” , ele insistia na necessidade de sua internação e repetia a frase sem cessar:
 “ – Mamãe respondeu, Mamãe respondeu!”, sua mãe já havia falecido há alguns meses. A cena era cômica e ao mesmo tempo preocupante.
 E só fomos saber o que realmente havia acontecido alguns dias depois. O fato foi que desde a morte da sua mãe, o Jaime, todos os dias , fazia chuva ou fazia sol, logo que amanhecia, ele se dirigia ao cemitério e cuidadosamente, abria o portão , ia até a sepultura de sua mãe, lhe pedia a benção, e batia um longo papo com a morta, falava sobre seus irmãos, sobre as maldades que o pai ainda fazia com ele, reclamava da vida, da falta que sentia dela e assim por diante. Após uma meia hora de monólogo, ele novamente pedia a benção à sua mãezinha morta se despedia e ia embora. E o ritual do "A bença, mãe!" se repetia ao longo do tempo, diariamente. O coveiro da época, Sr. Juvenal, certo dia, estava cuidando de uma sepultura, pouco acima do lugar onde a D. Andrelina, a mãe do Jaime, havia sido sepultada, e ao perceber que o Jaime entrava no cemitério abaixou-se e permaneceu escondido perto do local. 
Quando o Jaime pronunciou a célebre frase:
 “- A bença, Mãe!”, de onde estava , Seu Juvenal, disfarçando a voz, respondeu:
- Deus te abençoe, meu filho!. 
A confusão estava armada, o Jaime saiu num carreirão, não deu conta de abrir o portão do cemitério, teve que pular o muro e saiu em disparada, rumo ao hospital pedindo para ser internado, pois estava doido, porque havia escutado a sua mãe mortinha responder. E foi assim que fiquei sabendo o porque da confusão daquele dia em que estava indo pra aula.E o melhor, foi que com esse susto nunca mais o Jaime foi lá pedir a benção a sua mãezinha.(Ton)





 Cemitério - Baldim
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O CAUSO DA APOSTA
Alceu e Otaviano eram amigos, formavam uma dupla inseparável e já faziam parte da paisagem da praça de Baldim. Alceu Nogueira Marques era funcionário do IBGE e Otaviano era comerciante. Eram intelectuais, bons leitores, boa prosa, solteirões e ambos sofriam de insônia o que os levava à praça da cidade todas as noites pra esperar o sono chegar. Naquela época, sem televisão, sem cinemasó havia 2 opções, um bom livro ou uma boa prosa, depois da visita à namorada, é claro. Altas horas, lá estavam eles de prosa. Uns e outros ficavam ali, sapeando, sem argumentos para contestar os altos papos. O Niquinha, de João da Cruz, era presença constante, e a vítima das brincadeiras. Noite de lua cheia, então, era fatal,o assunto era assombração e provocação. O desafio daquela noite, valendo uns trocados, era ir ao cemitério e trazer um osso de defunto. Sempre aparecia algum ossinho sobre o cascalhão grosso do cemitério. Lá foi o Niquinha, de pernas bambas, mas foi. Conforme o combinado, já estavam lá no cemitério, escondidos do lado de fora, os dois amigos do Alceu e Otaviano, pra assustar o Niquinha. Só se ouvia pisadas e derrapadas do Niquinha no cascalho, quando ele parava pra ver se era um osso mesmo, o silêncio era assustador. Quando ele tocou no primeiro osso que encontrou uma voz grossa vinda do outro lado do muro, disse:
__ Larga isso aí que é meu! 
Apavorado ele procurou outro osso e outra voz dizia a mesma coisa:
__ Larga, que esse é meu! 
Já se borrando todo, ele pegou o osso e saiu na disparada rua abaixo.
Chegou na praça jogou o osso no chão e gaguejando disse:
__ Me dá meu dinheiro que o dono do osso tá vindo atrás de mim. (Maria José Torres)


SEXTA-FEIRA DA QUARESMA
Essa eu ouvi na casa do Compadre Geraldo Lemos, quem contou foi a comadre Célia, ela reunia os filhos e mais a meninada que sempre se fazia presente na sua casa e contava histórias, fazia “cobu” , que era um bolo de fubá envolto em folha de bananeira, ou cascava cana e contava histórias que a gente nunca se cansava de ouvir.A história era da época da Quaresma, segundo comadre Célia, em toda noite de sexta-feira da Quaresma, o “espírito ruim”, “o pemba”, se encarnava numa porca preta e rondava os arredores das casas da roça. A porca dava sete voltas em torno da casa, roncava, fazia alvoroço, assustava as criações que estivessem por perto, e se nesse percorrer encontrasse alguém da casa, que estivesse distraído ou fosse verificar qual animal estava fazendo barulho era tragédia na certa, a porca matava a dentadas o pobre cristão que se atrevera a passar em seu caminho. Caso não encontrasse ninguém em seu caminho, ou se o dono da casa rezasse o Credo em Cruz, a porca seguia adiante e ia assombrar outra morada.Se é verdade, eu nunca soube, mas também nunca vou me atrever a sair de casa em noite de Quaresma, se ouvir grunhidos ao redor de casa.(Prof. Ton)

A MULA SEM CABEÇA
Outra forte da época da Quaresma era a Mula-sem-cabeça e o Lobisomem, esses dois aprontaram, no alto da estrada que dava acesso a Jequitibá, no alto do Patrimônio, e também no Cerradão. Certa vez, até descobriram quem era a pobre coitada que se transformava em Mula-sem-cabeça. Era uma senhora casada que já tinha filho. A pobre carregava o pesado fardo de virar Mula-sem-cabeça, por culpa de seus pais, que não haviam respeitado o dia santo da Sexta-Feira da Paixão, concebendo a pobre nesse dia. Bastou apenas que alguém descobrisse a identidade da Mula-sem-cabeça, que antes de se completar o sétimo dia da descoberta a mulher foi liberta desse jugo, mas pagando com a vida a liberdade. Como descobriram? Tudo aconteceu numa noite, em que a mulher foi cuidar de seu filhinho, uma criancinha de poucos meses, que dormia em outro quarto, e não retornando ao leito conjugal, e a criança chorando muito, foi seu marido verificar o que estava acontecendo. Qual não foi a surpresa do homem chegando ao quarto e encontrando seu filhinho sozinho. Aflito, preocupado, saiu à procura de sua amada. Lamparina acesa na mão, pensativo, o que poderia estar acontecendo?! O pobre homem chegou até duvidar da honestidade da esposa. Mais adiante viu pedaços de pano, eram restos da roupa da mulher querida, seu coração sofreu mais, fora ela agredida? Pensou buscar ajuda? Onde? Quando passou por ele a assombração : A Mula-sem-cabeça, um tropel ensurdecedor. Preocupado com o filhinho que ficara sozinho, o homem voltou para a casa, já era madrugada. Encontrou o bebê sossegado e agarrando-o, em meio a lágrimas, cuidando para não acordar a criança, cochilou. Mas, no raiar do dia, novamente saiu à procura e bem perto da casa, debaixo de uma grande árvore, encontrou ainda desacordada a esposa e logo ligou os fatos, descobrindo que era ela que se transformava em Mula-sem-cabeça. Antes do sétimo dia da descoberta, a esposa amofinou-se e caindo doente, morreu.(Prof. Ton)