BALDIM.

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terça-feira, 23 de março de 2010

COISAS DA POLÍTICA

 Vista aérea de Baldim
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POLÍTICA
A Política, num sentido amplo, é uma atividade eminentemente humana. Segundo Aristóteles é uma ciência que decorre da nossa dimensão social e que se articula pelo exercício da linguagem. Tudo que preenche a vida humana em suas relações sociais deriva de decisões políticas: as relações de trabalho com direitos e deveres para o empregador e para o empregado, a qualidade dos bens produzidos para o consumo, o preço dos mesmos, as organizações sociais com suas instituições que cuidam da saúde, da educação, do esporte, do lazer, da cultura, etc. Daí que todos nós, seres humanos, quer queira quer não, somos políticos por natureza. A expressão: “Eu não gosto de política” ou “Eu não sou político”, denota uma negação ou um desconhecimento da nossa própria condição de seres humanos. Por outro lado, permanecendo no âmbito da democracia, como forma de governo, temos também, num sentido restrito, a política partidária. Esta surge de grupos representativos de algum segmento social e que constroem uma visão de sociedade que na atualidade pode ser liberal, neoliberal, comunista, socialista, etc.Em base a estas ideologias os grupos criam partidos que, mais tarde, apresentam candidatos nas eleições. Na atualidade vejo que a política perdeu a sua essência. O jogo de interesses, a ganância, a busca de privilégio e de poder são características que marcam a política atual. Falta, a meu ver, a nobreza de caráter em muitos dos nossos representantes. As questões que deveriam tirar o sono de nossos representantes são as seguintes: O que podemos fazer para acabar com a fome de mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo. O que fazer para evitar às toneladas de mísseis derramadas sobre populações inteiras, no Iraque, no Afeganistão, ou em qualquer outro canto ou recanto deste nosso mundo, muitas vezes “em nome de Deus”?O que fazer para evitar que os nossos ouvidos sejam feridos pelos gritos de dor nas filas dos hospitais? O que fazer para impedir a destruição da natureza idealizada por Deus, e que ele tanto amou, em nome da ganância e do lucro?O que fazer para acabar de uma vez por todas com tantos escândalos na política, com o mesmo dinheiro que falta para sanar a dor, a fome e o analfabetismo?Não sejamos ingênuos!O que se vê, hoje, é uma verdadeira supremacia do poder do dinheiro, a ponto de provocar grandes turbulências em todos os segmentos da vida, quando a ganância extrapola os limites do que se poderia chamar “bom-senso”. A defesa do dinheiro enquanto poder fala mais alto, por exemplo, que a produção de alimento e o seu contraponto mais cruel: a fome.Trilhões de dólares são destinados, a título de “risco sistêmico”, para o sistema financeiro, enquanto parcelas infinitamente menores de recursos são negadas para produzir o que falta nas mesas de seres humanos que não possuem um mínimo necessário à própria sobrevivência. Um bilhão de famintos, sem que a crueldade deste fato seja considerada, igualmente, como “risco sistêmico”. Não há risco sistêmico para quem morre “de emboscada, antes dos vinte”, ou de “velhice, antes dos trinta”. Aliás, trinta bilhões de dólares seriam necessários para dobrar a produção de alimentos em todo o planeta, muito menos portanto, que os mesmos trilhões desviados dos “contribuintes”, para os bolsos de quem produziu, exatamente, os tais “riscos”. Numa ordem democrática os partidos são um mal necessário.Acredito que a verdadeira saída está na educação das novas gerações. O cidadão consciente é capaz de detectar e denunciar as injustiças sociais. Antes de votar ele é capaz de investigar com critérios a vida e a atuação dos candidatos, perguntar pelo projeto que ele defende; avaliar o mesmo e confrontá-lo com os desafios da atualidade. Será capaz de distinguir o joio do trigo e militar em favor daqueles que defendem o bem comum acima de seus interesses ou de grupos restritos. O verdadeiro cidadão exigirá dos seus representantes uma atuação ética com transparência e honestidade. Acompanhará os eleitos no exercício do seu mandato e terá consciência para desclassificá-los num próximo pleito quando a sua atuação não for satisfatória. Por fim, participará efetivamente na construção coletiva de projetos que visem o bem comum e, se necessário, terá a ousadia de romper com a omissão e se apresentará como candidato. Por que o político? Porque não é possível reunir todas as pessoas para discutir os interesses comuns. O político é um representante do povo e, como tal, deve trabalhar para servir ao povo da melhor maneira possível. Ele é uma pessoa pública e deve responder publicamente pelos seus atos. Neste sentido, o político corrupto deve ser inelegível antes mesmo de se candidatar. O projeto “Ficha Limpa”, embora seja de iniciativa popular e tenha alcançado mais de um milhão e meio de assinaturas ainda não foi aprovado pelas câmaras federais. Há em nossa sociedade e, mais ainda no meio político, uma verdadeira sanha pelo ter, sem que ela tenha sido acompanhada pela devida busca do ser. Há uma avalanche de pressões e informações no sentido de que verdadeiramente “é” aquele que “tem”. Não há limite nesta busca pelo ter. As disparidades na distribuição pessoal e regional de renda nunca foram tamanhas, como hoje. Se a busca pelo ter fosse acompanhada, em igual ou maior medida, pelos sentimentos de solidariedade e de compaixão, certamente seria outra a realidade. Não haveria tamanha disparidade e, quem sabe, nem mesmo, fome no mundo. Isso aconteceria se o ser humano tivesse uma consciência mais coletiva. O ser humano, nesta busca frenética pelo ter, é, cada vez mais, individualista. Ele não é mais um igual, nem mesmo um semelhante. Tornou-se um concorrente. É ele, no lugar de alguém, para não ser alguém, no lugar dele. Ele tem que ser mais, e para isso tem de ter, também, cada vez mais. Na sua percepção, materialista e individualista, se distribuir, terá menos e, consequentemente, será menos. Os espaços sociais estão em baixa e por isso mesmo as decisões são tomadas à quatro paredes. No espaço dissimulado dos gabinetes decidem a vida do povo. Neste verdadeiro “encolhimento” da vida social, o homem, contraditoriamente, se conecta com o mundo através do computador. Mas, numa relação “fria”, solitária, entre quatro paredes. A informação lhe chega pela tela do computador ou da televisão. Neste sentido as igrejas têm um papel fundamental na formação da consciência cidadã e no processo eleitoral. As igrejas ainda são espaços públicos de relações sociais, onde se desenvolvem sentimentos de solidariedade, compaixão e humanidade. Pode e deve ser também o lugar para discutir e tomar decisões em torno das questões sociais.
 Dizer que as igrejas devem ocupar-se somente de questões religiosas é uma estratégia utilizada para minimizar a força que elas têm. Historicamente, a igreja católica sempre esteve envolvida na política. É verdade que em muitas situações a igreja preferiu estar do lado do poder do que do lado do Mas é preciso fazer justiça, do seio desta mesma igreja tivemos e ainda temos pessoas que lutam para preservar os direitos de todos e todos os direitos. Pessoas, tais como: Irmã Ivone Gebara, Dom Hélder Câmara, Dom Luciano de Almeida, o atual Padre João do PT de Minas, Frei Beto, Leonardo Boff e tantos outros militantes anônimos que exercem com nobreza de caráter a sua cidadania. Acredito que a igreja católica pode contribuir e muito no processo eleitoral desde São nos pequenos grupos que as pessoas se sentem capazes de se manifestar. Ali elas discutem, a partir da fé, os seus problemas e os problemas que assolam a vida do povo sofrido. Ali também é possível ir à raiz dos problemas e dar nomes aos bois. Partindo da realidade e iluminados pela Palavra de Deus, as pessoas nos seus pequenos grupos se preparam para uma ação coletiva em vista da transformação da sociedade. Infelizmente, a Igreja instituição parece querer viver de Retira dos pobres para fazer a festa dos ricos, transforma o banquete da vida para todos num banquete de poucos. Esquece que é na fraqueza da cruz que se revela a grandeza da ressurreição ou é na fraqueza dos pobres e crucificados deste mundo que se revela a força de uma ação coletiva capaz de transformar a realidade. Quanto aos pré-candidatos à presidência da república, me limito a discorrer sobre dois que mais visibilidade tem: Dilma e José Serra. Na verdade a próxima eleição está polarizada entre os dois partidos nacionais PT e PSDB. Não estou disposto a fazer comparações mais a realidade nos mostra que apesar das limitações que o PT apresentou ao longo destes dois mandatos o Brasil parece ter encontrado um rumo. Muitas coisas ficaram a desejar, tais como: a reforma política, a reforma da previdência social, a reforma agrária, etc. Por outro lado considero temeroso apostar no PSDB. O atual pré-candidato voltará com o mesmo discurso de sempre de que “o Brasil pode mais”, de que o PSDB recolhe as condições para resolver os problemas vigentes. O discurso já deteriorado da competência já não cola mais depois de tantos atrasos na administração do governo de São Paulo. Contudo, a hora é agora. Precisamos ficar atentos na escolha do nosso candidato (a). Para tanto é preciso refrescar a memória. Serão dois mandatos de ambos os partidos. Cada um deverá fazer as suas comparações de forma desapaixonada. Verificar com critérios a história de atuação de cada um deles. Procurar nas entre linhas dos discursos que nos serão apresentados e perceber qual é o projeto de governo que defendem. E por fim, votar consciente naquele (a) que você considera melhor para conduzir o nosso País. Queridos eleitores, sobre a política dizia o Papa Paulo VI: “É forma sublime de exercer a caridade”. Desça da arquibancada do comodismo e seja protagonista de um novo tempo e de uma nova história. Assista ativamente todas as entrevistas e debates que virão. Discuta politicamente com os outros apresentando as suas impressões e pontos de vistas. Exerça a caridade e faça valer o seu voto de forma madura e consciente. Em outras palavras, exerça a sua cidadania antes, durante e depois da eleição acompanhando e fiscalizando a atuação do seu candidato. (Padre Zé Roberto), de Prudente de Morais.

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