BALDIM.

BALDIM.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

NOSSAS RAÍZES






 Folia de Reis
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FOLIA DE REIS
Baldim, em dezembro, tem cheiro de Pequi, mas também tem o som da Folia. Duas coisas me chamam a atenção no mês de dezembro em Baldim, o cheiro do pequi e o som da Folia de Reis. Essa tradição que chegou a nosso país com os portugueses, ainda está viva em Baldim, graças aos grandes mestres e seus discípulos. É com muita alegria que acompanho, a cada ano, a folia das crianças, seguindo os mesmos passos da“Folia Velha”. Desde a infância essa manifestação sempre me fascinou. Aqueles homens mascarados exerciam sobre mim uma atração, e mesmo sabendo que, provavelmente, era algum conhecido que estava embaixo daquela “farda”, eu não deixava de sentir medo. Hoje, décadas depois, a manifestação ainda me emociona.É lindo ver as luzes se acendendo dentro das casas, quando seus moradores são acordados com o som dos devotos de Santos Reis. É emocionante ver a emoção que a cantoria provoca nos da casa, as lágrimas que muitas vezes são impossíveis de conter, quando o “falecido” é lembrado.É lindo também ver a Bandeira, em sinal de respeito, sendo recolhida, para que os foliões possam dançar e brincar com os donos da casa.É interessante ver jovens, que moram, hoje, em outras cidades, voltarem para Baldim, no mês de dezembro, para sair na Folia.Mas é triste ver que nem todas as casas são abertas para os foliões.
É constrangedor segui-los e ver a indecisão, se “batem” ou não naquela casa, pois não têm a certeza se, ali, a manifestação é apreciada.Felizmente muitas casas e corações ainda continuam abertos para os peregrinos de Santos Reis. Por isso: Viva esses baldinenses anônimos, que do dia 24 de dezembro a 6 de janeiro, se transformam em protagonistas de uma tradição que continua viva!!! Viva Santos Reis!!! (Dalva Soares)




 Catopê - Baldim
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PERFIL: DALVA MARIA SOARES
Nasci em Baldim e tenho mãe e irmãos que ainda moram aí. Sou filha de D.Dulce e do Seu Zé Miçangueiro. Cresci ao som do Catopê, fui Pastorinha, coroei Nossa senhora, participei dos Autos de Natal. Já pré-adolescente achava que essas manifestações eram coisas de gente pobre, negra, da roça, puro folclore. Morar em BH era o que tinha de mais moderno e era esse o sonho de quem aspirava ascenção social. Aos 15 anos me mudei para BH e por ironia acabei fazendo Ciências Sociais na UFMG. Ao entrar em contato com as teorias políticas, sociológicas e antropológicas, no curso, compreendi muito da que vivi aí. Na semana que vem, mais precisamente dia 17/12, defendo minha dissertação de mestrado sobre o Congado. Essa dissertação é resultado de uma reconciliação com Baldim e com tudo que vivi aí. Gostaria de sugerir que vc acrescentasse no Blog, Cultura, isso que essas pessoas fazem não é Folclore é Cultura. Infelizmente aprendemos a relacionar a Cultura Popular com o Folclore, mas isso é Cultura e de muita profundidade. Meu filho, inclusive, se chama João Pedro em homenagem a um grande Mestre da Folia de Reis e do Congado daí. Bom, por hora é isso! Parabéns! Acredito que a nossa conversa continuará. E quero escrever algumas coisas para vc publicar no Blog. Deixa só passar a minha defesa. Um abraço. (Dalva Soares)

BOI DA MANTA
Olá, Sou Coordenadora Técnica do Programa Fundo do Milênio Para Primeira Infância (UNESCO), em São Caetano do Sul- SP. Estive neste final de semana em Baldim e participei dos festejos do Asilo São Vicente de Paulo. Sendo o meu trabalho voltado para educação e cultura, fiquei maravilhada com a a apresentação do Boi da Manta. Gostaria de saber mais desta manifestação cultural, para socializar com as educadoras,que participam do programa que eu coordeno. Soube também que acontece no mês de Agosto uma rica festa cultural na cidade. Sou pesquisadora da Cultura Popular Brasileira, realizo junto as crianças um resgate da mesma, pelo motivo de não vivenciarem estes saberes culturais, que acredito façam parte da formação pessoal e intelectual do indivíduo. As pessoas que vivem nas grandes metrópoles são pobres de cultura popular brasileira, e não podemos deixá-la esquecida. Parabéns aos cidadãos de Baldim por manterem viva as manifestações populares.
Por Mônica Pinheiro de Souza Melim, em 12/07/10





The EDN disse...




Prezada Ione, é sempre gratificante ler o seu blog. Tenho estado afastado devido às dificuldades momentâneas de aperto profissional que, inclusive, me afastaram também do meu blog pessoal "Poetopias" e de "Os Invicioneiros", blog de que também faço parte com meus modestos posts. Mas sempre tenho lido "Baldim, a Cidade do Doce".

Este post, em especial, tem um significado muito especial em minha vida. A Folia de Reis está no sangue da família, já que meu pai foi um folião conhecido de São Vicente e sempre deixou clara esta tradição na família. Tenho orgulho também por ter um sogro, compadre e amigo, o "Sô" Nativo, que é um grande folião e, como meu pai, sabe muito a respeito. Particularmente, tenho pesquisado muito a respeito dessa manifestação popular e, atualmente, estou lendo o livro "O Mártir do Gólgota", que é uma importante fonte de informações sobre a tradição foliã.
Mais uma vez, parabéns pelo blog! 
Domingo, 26 Dezembro, 2010

3 comentários:

  1. Fazem parte do folclore de Baldim os casos, a tradição oral, segue um que ouvia sempre quando criança o caso da mula sem cabeça.
    Ione, espero que goste, coloque o formato ideal e o publique na parte do folclore.
    Abraços,
    Wellington Barbosa

    "QUEM TEM MEDO?!?"

    Essa eu ouvi na casa do Compadre Geraldo Lemos, quem contou foi a comadre Célia, ela reunia os filhos e mais a meninada que sempre se fazia presente na sua casa e contava histórias, fazia “cobu” , que era um bolo de fubá envolto em folha de bananeira, ou cascava cana e contava histórias que a gente nunca se cansava de ouvir.
    A história era da época da Quaresma, segundo comadre Célia, em toda noite de sexta-feira da Quaresma, o “espírito ruim”, “o pemba”, se encarnava numa porca preta e rondava os arredores das casas da roça. A porca dava sete voltas em torno da casa, roncava, fa-zia alvoroço, assustava as criações que estivessem por perto, e se nes-se percorrer encontrasse alguém da casa, que estivesse distraído ou fosse verificar qual animal estava fazendo barulho era tragédia na certa, a porca matava a dentadas o pobre cristão que se atrevera a passar em seu caminho. Caso não encontrasse ninguém em seu caminho, ou se o dono da casa rezasse o Credo em Cruz, a porca seguia adiante e ia assombrar outra morada.
    Se é verdade, eu nunca soube, mas também nunca vou me atrever a sair de casa em noite quaresma, se ouvir grunhidos ao redor de casa.
    Outra forte da época da Quaresma era a mula-sem-cabeça e o lobisomem, esses dois aprontaram, no alto da estrada que dava acesso a Jequitibá, no alto do Patrimônio, e também no Cerradão. Certa vez, até descobriram quem era a pobre coitada que se transformava em mula sem cabeça. Era uma senhora casada que já tinha filho. A pobre carregava o pesado fardo de virar mula sem cabeça, por culpa de seus pais, que não haviam respeitado o dia santo da Sexta-Feira da Paixão, concebendo a pobre nesse dia. Bastou apenas que alguém descobrisse a identidade da mula-sem-cabeça, que antes de se completar o sétimo dia da descoberta a mulher foi liberta desse jugo, mas pagando com a vida a liberdade. Como descobriram? Tudo aconteceu numa noite, em que a mulher foi cuidar de seu filhinho, uma criancinha de poucos meses, que dormia em outro quarto, e não retornando ao leito conjugal, e a criança chorando muito, foi seu marido verificar o que estava acontecendo. Qual não foi a surpresa do homem chegando ao quarto e encontrando seu filhinho sozinho. Aflito, preocupado, saiu à procura de sua amada. Lamparina acesa na mão, pensativo, o que poderia estar acontecendo?! O pobre homem chegou até duvidar da honestidade da esposa. Mais adiante viu pedaços de pano, eram restos da roupa da mulher querida, seu coração sofreu mais, fora ela agredida? Pensou buscar ajuda? Onde? Quando passou por ele a assombração : A Mula-sem-cabeça, um tropel ensurdecedor. Preocupado com o filhinho que ficara sozinho, o homem voltou para a casa, já era madrugada. Encontrou o bebê sossegado, agarrando-o, em meio a lágrimas, cuidando para não acordar a criança, cochilou. Mas, no raiar do dia, nova-mente saiu à procura e bem perto da casa, debaixo de uma grande árvore, encontrou ainda desacordada a esposa e logo ligou os fatos, descobrindo que era ela que se transformava em mula-sem-cabeça. Antes do sétimo dia da descoberta, a esposa amofinou-se e caindo doente, morreu.

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  2. Oi Wellington, estou adorando suas histórias, acho que vou nomeá-lo "o contador de histórias da cidade"...Quem é Geraldo Lemos? O "perfil" dele deve ser interessante também.Obrigada, Ione.

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  3. Prezada Ione, é sempre gratificante ler o seu blog. Tenho estado afastado devido às dificuldades momentâneas de aperto profissional que, inclusive, me afastaram também do meu blog pessoal "Poetopias" e de "Os Invicioneiros", blog de que também faço parte com meus modestos posts. Mas sempre tenho lido "Baldim, a Cidade do Doce".
    Este post, em especial, tem um significado muito especial em minha vida. A Folia de Reis está no sangue da família, já que meu pai foi um folião conhecido de São Vicente e sempre deixou clara esta tradição na família. Tenho orgulho também por ter um sogro, compadre e amigo, o "Sô" Nativo, que é um grande folião e, como meu pai, sabe muito a respeito. Particularmente, tenho pesquisado muito a respeito dessa manifestação popular e, atualmente, estou lendo o livro "O Mártir do Gólgota", que é uma importante fonte de informações sobre a tradição foliã.
    Mais uma vez, parabéns pelo blog!

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